Passarela de Sonhos | Crítica: Sonho, família e controle, drama mostra o destino de diversas formas

Entrando de cabeça nos dramas coreanos da Netflix, encontrei este dorama de 2020, Passarela de Sonhos (Cheongchun-girok), e a trama mesmo simples me encantou logo no começo, e falar sobre família controladora, a busca pelos sonhos e como o destino pode surpreender, acabou me cativando.

Acredito que o nome em inglês acabe sendo ainda melhor que a nossa versão, pois ele ficou Record of Youth, como Lembranças da Juventude em tradução livre, afinal, o dorama percorre a juventude de amigos e como eles lidam com os sonhos, amores e suas famílias. O desenvolvimento do drama é gostoso de acompanhar, os jovens são ótimos em cena, mas os dramas de suas vidas acabam nos pegando de jeito nos 16 episódios.

ATENÇÃO!
O conteúdo abaixo contém spoilers …

Com sua sinopse simples, os 16 episódios mostram Sa Hye-jun (Park Bo-gum) lutando em vários empregos para correr atrás de seu sonho, que é ir de modelo para um grande ator, mas acaba sendo passado para trás por Lee Tae-su (Lee Chang-hoon). Com o suporte dos amigos, o rico e também modelo aspirante a ator Won Hae-hyo (Byeon Woo-seok) e o fotógrafo Kim Jim-woo (Kwon Soo-hyun), Hye-jun aos poucos vê sua muda tomar outro rumo, seja profissionalmente, seja em relacionamentos, pois conhece a dedicada maquiadora Ahn Jeong-ha (Park So-dam).

Passarela de Sonhos consegue navegar nos dramas profissionais e familiares de todos os personagens de forma nos conectar em cada uma das áreas, seja quando Hye-jun fica famoso e começa uma ascensão sem igual, seja quando o vemos ainda batalhando e sendo humilhado pelo pai e pelo irmão, que mudam de postura após a fama. É interessante que colocam o protagonista sempre lembrando desses problemas, mas nunca descontando neles de forma agressiva, apenas lembrando que teve que lutar sozinho ao lado do avô.

Quando família, profissão e romance parecem alinhados, a série entra na narrativa da imprensa fria e calculista, cheia de fofocas, e que quase derruba Hye-jun, mas também temos os dramas quase adolescentes ao nos vermos divididos entre Hye-jun ao lado de Jeong-ha, ou nossa maquiadora fofa podendo ficar com Hae-hyo, mas tudo é sempre bem respeitoso e movimentado.

Os controles familiares são sempre bem tensos, como Kim Yi-young (Ha Hee-ra) sempre espelhando os seus sonhos e desejos para os filhos, movendo o mundo para eles terem sucesso, mas sempre mantendo-os em rédeas curtas. Won He-na e Jim-woo se apaixonam e por ele ser de uma classe social mais baixa, tudo acaba gerando confusão.

Já na família de Hye-jun, seu pai Sa Young-nam (Park Soo-young) nunca acreditou nos sonhos do filho, pois viu seu pai, Sa Ming-ni (Han Jin-hee) perder tudo caindo de golpe em golpe para ter sucesso, e nunca ajudar a família. Acaba que temos uma rivalidade bem construída entre Hye-jun e seu irmão inteligente e que trabalha em um banco, Sa Kyeong-jun (Lee Jae-won).

A construção da relação de amor entre Hye-jun e Jeong-ha é muito próxima, e Passarela de Sonhos acerta em colocá-la como o coração do rapaz, que de tanto apanhar, tem um senso de justiça muito regrado, como vemos em suas brigas com Tae-soo e como ele é leal a Lee Min-jae (Shin Dong-mi). A forma como exploram Charlie Jung (Lee Seung-joon) e como ele era apaixonado por Hye-jun e mesmo podendo perder tudo com essa história, o rapaz mantém uma história de carinho para quem sempre lhe deu a mão, o colocando nos desfiles de sua marca.

Infelizmente Passarela de Sonhos peca nos momentos finais, com uma conclusão acelerada de todas as tramas e com os personagens mesmo com bons destinos, parecendo perdidos. Fato é que mais um vez me vejo encantado pelos kdrama e não tem como não ficar encantado com a produção, mas principalmente pela cultura.

Passarela de Sonhos tem seus episódios disponíveis na Netflix.