Um Espião Infiltrado | Crítica – 1ª Temporada: Comédia aborda com leveza a solidão na 3ª idade resolvendo um crime em casa de repouso
E eis que Um Espião Infiltrado, disponível na Netflix, me pegou muito de surpresa, pois até pode vender uma ideia, mas a medida que a trama e os episódios vão passando, a série cresce e fica mais profunda.
Baseada na história de um ex-agente secreto em uma casa de repouso, aqui a trama estrelada por Ted Danson é aconchegante e nos faz fica intrigado em ver seu personagem Charles superar a morte da esposa e seu estado isolado, para ajudar Julie (Lilah Richcreek) a descobrir casos de roubos no Pacific View.
Começando de forma engraçada, explorando as facetas de Danson, e com um elenco de primeira para apoiá-lo, a medida que os 8 episódios vão passando, vamos nos conectando aos personagens, e o que parecia ser algo tão simples e de construção mais tranquila, vai ganhando uma dimensão sem igual.
O roubo do colar e então o do relógio, vira apenas algo de fundo, pois vemos a dinâmica dentro do abrigo, as amizades, as brincadeiras, tudo envolvendo Charles e aos poucos a gente. Quando Julie e Emily (Mary Elizabeth Ellis) precisam trocar de lugar e a confusão parece que vai ser exposta, tudo muda de novo.
Como disse, as amizades e a solidão destes homens e mulheres, que tiveram uma vida e família e agora estão sozinhos, nos pega em detalhes, como Elliot (John Getz) que é solitário e o câncer acaba pegando ele e o fazendo mudar um pouco, ou Florence (Margaret Avery), que nos apaixonamos e em uma virada nos vemos chorando por ela.
Calbert (Stephen Henderson) vendo seu elo com filho se apagar, pois o rapaz vai para Singapura, e como tudo vai crescendo com o passar da série, nos mostra coisas interessantes. Virginia (Sally Struthers) perdendo a amiga e vendo o seu amor Elliot com câncer, e a mostrando com tanta força. E Gladys (Susan Ruttan), que aos poucos vai perdendo a memória, esquecendo quem é, os amigos…
O forte de Um Espião Infiltrado acaba virando o diálogo, a série bate muito nisso, sobre como conversar, expor sentimentos e estar ali para as pessoas, assim como saber que tem pessoas para você em algum lugar, seja amigo, filho, parente.
Até mesmo a evolução de Didi (Stephanie Beatriz) é interessante em um ponto, onde ela parece não se importar com as coisas, focando mesmo na parte administrativa, mas aos poucos vamos vendo sua conexão com os pacientes, e as perdas. Ela se mantém meio distante de tudo para não trazer a carga da perda para si, parecendo durona, mas no fim ela mostra um grande coração. A forma como ela defende os funcionários de Julie no final, falando que eles enfrentam mutias coisas pesadas ali, nos mostra novamente seu coração.
Quando chega em seu último episódio, Um Espião Infiltrado traz uma sensação de nostalgia, de amigos se despedindo, que nos empolga e pega de jeito. A série tem uns probleminhas, lógico, mas cada coisa feita com coração e carinho, que acabamos pulando isso e focando nas conexões. O roubo, resolvido rapidamente, mostrando uma série de desencontros, acaba ficando para trás e nos fazendo focar nos personagens.
Um Espião Infiltrado está disponível na Netflix, e merece lindamente ser assistida.