quinta-feira, dezembro 5, 2024
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Um Espião Infiltrado | Crítica – 1ª Temporada: Comédia aborda com leveza a solidão na 3ª idade resolvendo um crime em casa de repouso

E eis que Um Espião Infiltrado, disponível na Netflix, me pegou muito de surpresa, pois até pode vender uma ideia, mas a medida que a trama e os episódios vão passando, a série cresce e fica mais profunda.

Baseada na história de um ex-agente secreto em uma casa de repouso, aqui a trama estrelada por Ted Danson é aconchegante e nos faz fica intrigado em ver seu personagem Charles superar a morte da esposa e seu estado isolado, para ajudar Julie (Lilah Richcreek) a descobrir casos de roubos no Pacific View.

Um Espião Infiltrado / Charles e Emily
Crédito: Netflix

Começando de forma engraçada, explorando as facetas de Danson, e com um elenco de primeira para apoiá-lo, a medida que os 8 episódios vão passando, vamos nos conectando aos personagens, e o que parecia ser algo tão simples e de construção mais tranquila, vai ganhando uma dimensão sem igual.

O roubo do colar e então o do relógio, vira apenas algo de fundo, pois vemos a dinâmica dentro do abrigo, as amizades, as brincadeiras, tudo envolvendo Charles e aos poucos a gente. Quando Julie e Emily (Mary Elizabeth Ellis) precisam trocar de lugar e a confusão parece que vai ser exposta, tudo muda de novo.

Como disse, as amizades e a solidão destes homens e mulheres, que tiveram uma vida e família e agora estão sozinhos, nos pega em detalhes, como Elliot (John Getz) que é solitário e o câncer acaba pegando ele e o fazendo mudar um pouco, ou Florence (Margaret Avery), que nos apaixonamos e em uma virada nos vemos chorando por ela.

Um Espião Infiltrado / Virginia e Florence
Crédito: Netflix

Calbert (Stephen Henderson) vendo seu elo com filho se apagar, pois o rapaz vai para Singapura, e como tudo vai crescendo com o passar da série, nos mostra coisas interessantes. Virginia (Sally Struthers) perdendo a amiga e vendo o seu amor Elliot com câncer, e a mostrando com tanta força. E Gladys (Susan Ruttan), que aos poucos vai perdendo a memória, esquecendo quem é, os amigos…

O forte de Um Espião Infiltrado acaba virando o diálogo, a série bate muito nisso, sobre como conversar, expor sentimentos e estar ali para as pessoas, assim como saber que tem pessoas para você em algum lugar, seja amigo, filho, parente.

Até mesmo a evolução de Didi (Stephanie Beatriz) é interessante em um ponto, onde ela parece não se importar com as coisas, focando mesmo na parte administrativa, mas aos poucos vamos vendo sua conexão com os pacientes, e as perdas. Ela se mantém meio distante de tudo para não trazer a carga da perda para si, parecendo durona, mas no fim ela mostra um grande coração. A forma como ela defende os funcionários de Julie no final, falando que eles enfrentam mutias coisas pesadas ali, nos mostra novamente seu coração.

Um Espião Infiltrado / Charles e Didi
Crédito: Netflix

Quando chega em seu último episódio, Um Espião Infiltrado traz uma sensação de nostalgia, de amigos se despedindo, que nos empolga e pega de jeito. A série tem uns probleminhas, lógico, mas cada coisa feita com coração e carinho, que acabamos pulando isso e focando nas conexões. O roubo, resolvido rapidamente, mostrando uma série de desencontros, acaba ficando para trás e nos fazendo focar nos personagens.

Um Espião Infiltrado está disponível na Netflix, e merece lindamente ser assistida.