Senna | Crítica: Minissérie mostra a história de um herói e relembra a emoção de uma nação
E chegou em alta velocidade a minissérie Senna, na Netflix. A produção da Gullane chega recebendo elogios e, principalmente, emocionando os fãs do corredor automobilístico e, principalmente, retomando o herói de uma nação.
Ayrton Senna da Silva, a série consegue nos colocar em um ponto de vista que nos faz ver um pouco mais da garra do herói, o roteiro é o que chamamos de “chapa branca”, não mostra muito suas falhas, apenas realça um homem apaixonado pelo esporte, que acaba deixando o sonho passar por cima até de um casamento.
Com episódios muito bem amarrados, Gabriel Leone é simplesmente genial em cena, traz o carisma e a força necessária para o personagem, e seu Ayrton sai maior a cada tempo em cena. Para mim assistir a essa minissérie trouxe um sentimentalismo que não reconheci em mim, pois nunca fui ligado ao automobilismo, ou com a figura do herói. Só que é impossível não sentir até arrepios quando toca o “Tema da Vitória“.
ATENÇÃO!
O conteúdo abaixo contém spoilers…
A série logo no início do primeiro episódio, ao retratar o acidente, somos colocados no fatídico 1º de maio de 1994 com uma força e uma dor sem igual, e então nos levam de volta no tempo para nos mostrar a infância com o Seu Miltão (Marco Ricca) e sua mãe Neyde (Susana Ribeiro), e o carinho que ele tem na família.
O foco familiar é intenso e Senna reforça muito isso, mostrando todo o comprometimento que as pessoas ao seu redor tinham para lhe dar garra para seguir em frente, em um ambiente muito preconceituoso para cima dos latinos americanos.
A evolução da série, indo da Fórmula Ford, para a F-3000 e então chegar com tudo na Fórmula 1, decorre bem o caminho, o roteiro é tranquilo nessa transição, e principalmente na forma de mostrar os pilotos que estavam ao lado de Senna, como Nikki Lauda (Johannes Heinrichs) e Alain Prost (Matt Mella), e até Rubinho Barrichello aparece um pouco mais no final.
Das corridas, ao romance, vemos um pouco dessa vida peculiar de Ayrton, com o seu casamento com Lilian Vasconcelos (Alicia Wegman) que queria uma família, mas não ficar em Londres, longe de tudo, e depois pulamos para sua relação com Xuxa (Pamela Tomé), nossa eterna rainha, e só no final temos um pouco de interação dele com Adriane Galisteu (Julia Foti), só que foi algo muito superficial, com pouquíssimas cenas.
Gostei muito da inserção da personagem que conecta sempre Ayrton com o tempo e tudo ao seu redor, a Laura, interpretada por Kaya Scodelario, que acaba fazendo os dois lados da imprensa, a que acarícia, mas também a que dá bons tapas quando convém.
Senna resgata o herói, e leva a todos a uma comoção sem igual, com momentos sensacionais, como sua primeira vitória em Interlagos, e devido a tensão nos ombros ele não conseguir levantar direito o troféu, ou com todos os momentos que antecedem o acidente fatal.
Gullane e sua parceria com a Netflix, conseguiu desenvolver uma minissérie que realça muito a lenda e uma coisa que me impressionou muito foi a reconstituição de todos os acontecimentos, desde o figurino até os carros, e tudo feito com um capricho. Cada ângulo das corridas nos leva para dentro do cockpit com o piloto, em um trabalho primoroso de direção.
A cada episódio de Senna vemos uma homenagem muito bem consolidada, que visa manter o coração dos fãs seja do esporte, quanto os do próprio Ayrton, muito bem posto em cada momento de sua vida e principalmente de sua carreira do corredor. Mas acima de tudo, é uma minissérie que mostra a força principalmente do nosso audiovisual.
A direção de Vicente Amorim e Julia Rezende é incrível, em cima dos roteiros de Amorim, Gustavo Bragança e Alvaro Campos.
Senna tem os seus 6 episódios disponíveis na Netflix.