Pra Sempre Paquitas | Crítica: Documentário entrega nostalgia, mas vai do sonho ao pesadelo
E está disponível no Globoplay a série documental Pra Sempre Paquitas. Depois do sucesso do documentário mostrando a vida da Xuxa, hora de conhecermos os sonhos e pesadelos das meninas que a acompanharam durante anos.
No documentário vimos que Xuxa sempre foi um produto, uma marca, que começou na extinta Rede Manchete e foi alavancada ao sucesso na TV Globo. Só que ela sozinha, não dava conta das inumeras crianças que enchiam os estúdios das emissoras carioca.
A idealização do documentário é das paquitas Ana Paula Guimarães e Tatiana Maranhão. As duas participaram das gerações iniciais lá no Xou da Xuxa, e trouxeram muito carinho nessa proposta, e com isso, conseguiram dar um ar muito pessoal ao documentário, com uma narrativa sensacional, dando visão a cada ponto das vidas das paquitas.
Início
A primeira Paquita foi Andréa Veiga, logo em seguida veio Heloísa Morgado, ambas no Clube da Criança, ainda na Manchete. A ida para a Globo, com estúdio maior, veio a necessidade de mais meninas, e como já tinha Veiga, veio aos poucos Andréia Faria (Sorvetão), Louise Wischermann, Ana Paula Guimarães e Roberta Cipriani.
Com este time, estava formado o grupo dos sonhos de quaisquer meninas do Brasil, e com o tempo, da América Latina, com direito a Paquitas na Argentina, Chile, Bolívia, Uruguai, Paraguai e por aí foi seguindo o sonho…
Sonho
É muito bonito como Pra Sempre Paquitas sempre mostra o sonho das meninas, como era a amizade entre elas, as briguinhas por conta da idade e do crescimento, e tudo isso com muito carinho. O entorno com a Xuxa era sempre de muita amizade e é bonito ver o crescimento delas, e o documentário explora bem cada uma das meninas, até mesmo Sorvetão, que hoje não fala com Xuxa, e Diane Dantas, que não comenta mais sobre a época.
Geração 1987-1995
As duas primeiras geração, conhecidas como geração do Xou da Xuxa foi formado por inúmeras meninas, citadas no começo, além de Priscilla Couto, Tatiana Maranhão, Ana Paula Almeida, Letícia Spiller, Cátia Paganote (Miúxa), Juliana Baroni, Bianca Rinaldi e Flávia Fernandes.
Geração 1995-1999 | New Generation
Com uma briga intensa, que culminou em um livro e ódio de Marlene Mattos, veio as Paquitas New Generation, que no começo não foram muito bem aceitas, devido a forma abrupta que todas as Paquitas anteriores foram demitidas e jogadas de lado. Então vieram Andrezza Cruz, Caren Lima, Gisele Delaia, Graziella Schmitt, Vanessa Melo, Bárbara Borges e Diane Dantas.
Geração 1999-2002
Ser Paquita ainda era o sonho de muitas meninas, e até a 3ª geraão, sempre que era anunciada a chamada para ser Paquita, as filas eram quilométricas, e buscando renovar mais uma vez o elenco, em 1999 veio mais uma geração.
Cheia de sonhos e com meninas mais novinhas, a leva de 1999, as últimas Paquitas, foi formada por Daiane Amêndola, Gabriella Ferreira, Joana Mineiro, Lana Rodes, Letícia Barros, Monique Alfradique, Stephanie Lourenço e Thalita Ribeiro.
Pra Sempre Paquitas foca muito no sonho dessas meninas, fala da falta de diversidade entre elas, e mostra como Marlene mantinha tudo isso sobre controle ferrenho. As Irmãs Metralhas, as irmãs morenas Roberta e Mariana Richard que eram para ser as bagunceiras, a contrapartida das Paquitas entraram em jogo, e mais para frente tivemos a querida Bom Bom, as três personagens eram Paquitas, mas não carregavam o título.
Pesadelo
O documentário não deixa de tocar em feridas profundas, e mostrar que mesmo elas vivendo o sonho de estarem na televisão e serem as amigas de Xuxa, o pesadelo também era real. A ferida é aberta e exposta, e vemos como as meninas sofreram abusos psicológicos severos, cobranças irreais de um corpo padrão, e o pulso de ferro de Marlene machucava cada uma delas de alguma forma.
Todas tiveram seus momentos intensos, as ameaças, as falas de que não são insubstituíveis, tudo é mostrado na crueldade de se fazer isso com meninas de 10 a 17 anos, em pleno desenvolvimento, e com isso vários problemas vieram, de auto-estima e até bulimia, afinal, ser “gorda” era um enorme problema para o produto de Marlene.
Cada uma delas, mesmo nas gerações atuais, mostraram que sofreram, e Pra Sempre Paquitas mostrou isso nos áudios do sistema de som das gravações, com esporros dado por Marlene em todo mundo, de Xuxa, para as Paquitas, e até para as mães presentes. Ninguém escapava…
O documentário ainda mostra a passada de perna que as últimas Paquitas da primeira geração sofreram, pois se sentido de lado com a chegada do grupo You Can Dance, e na tentativa de revitalizar a marca, pensaram em uma peça, mas confiaram na pessoa errada, que acabou fazendo um livro e tudo chegou torto para a Marlene, e por consequência a Xuxa. É doloroso ver como Xuxa se despede das meninas em 1995, sem chance de conversa e já anunciando a nova geração.
E na nova geração tudo era problemático ainda, tanto que os assédios continuaram, ameaças de suspensão e expulsão, e a saída de Diane mexeu ainda mais nelas, assim veio a última geração de Paquitas, que aí veio a se somar a homofobia para cima de Stephanie, e lembrando que ali a geração era ainda mais nova, só que os pais não cederam e foram para cima de Marlene.
Pra Sempre Paquitas
O mais gostoso de Pra Sempre Paquitas é relembrar a alegria das meninas, o sonho de verão que perdurou por anos, e conquistou o coração do Brasil. Os problemas sempre irá rondar a mente delas, mas para nós público, fica a alegria, a dança, as risadas, as músicas e a imagem das irmãs mais velhas que nos acompanhavam nas manhãs ao lado de nossa rainha.
Afinal É tão bom, bom bom bom relembrar esse sonho de verão nas nuvens de algodão, mesmo que no fim escureceu o que antes era azul.
Pra Sempre Paquitas está disponível no Globoplay.