quinta-feira, dezembro 5, 2024
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O Que Tiver Que Ser | Crítica: Uma angustiante e intensa jornada de uma família para reencontrar o amor

Ao assistir o vídeo de chamada de O Que Tiver Que Ser na Netflix, achei que seria um filme de família, com momentos embaraçosos para nos entreter, mas me deparei com uma jornada profunda de autoconhecimento, medos, e o amor necessário para fazer o certo.

Dirigida, escrita e protagonizada por Josephine Bornebusch, o longa coloca uma mãe exausta no centro de uma jornada para levar a filha adolescente para um concurso de pole dance. Por mais engraçada e até bizarra a motivação, superamos ela com o passar do tempo, e vemos uma mãe buscando reconectar sua família.

A relação entre Stella (Bornebusch) e Gustav (Pål Sverre Hagen) está desgastada. Não há amor, só desconfianças e cobranças. Cada palavra que um profere para o outro parece ser só para machucar. O longa então os colocam em um caminho de um novo conhecimento muito intenso e bonito, com alguns diálogos que as vezes doem.

O Que Tiver Que Ser mostra essa rotina de muita indiferença que cresce em Stella, e ela não solta, não cede, e fica superprotetora em um estágio exagerado com os filhos, tirando muito do marido. Já ele se sente longe, e as vezes inútil, e acaba se isolando. Erro dos dois, e conserto que ambos precisam trazer.

Anna (Sigrid Johnson) é uma adolescente chata e estridente, e busca chamar a atenção, por mais que queira independência, e aos poucos aprende diversos valores. O pole dance é sua fuga e seus pais não entendem, e aos poucos, ao se conectar com Gabriel (Leon Mentori), ela entende que precisa crescer. A apresentação da competição é linda.

Pequenos detalhes de amor e uma frase acaba ecoando em nossa mente. Quando acontece uma briga entre Gustav e Anna, Stella pega o pequeno Manne e ambos fazem trocas de amor, de mãe e filho, de cumplicidade e carinho.

– Eu te amo.
– Quando diz isso, eu te amo duas vez mais.

Nos momentos finais, quando entendemos as intenções de Stella forçar Gustav ao seu limite com a família, é impossível não segurar as lágrimas e ver a força dessa esposa, dessa mãe, em querer que todos estejam em um ponto de proteção para todos eles. O câncer dava sinais e a força necessária para superar tudo é muito amor.

A jornada de O Que Tiver Que Ser nos lembra em alguns momentos o incrível Pequena Miss Sunshine, mas toma proporções maduras muito diferentes e intensas, ganhando um valor muito próprio.