sábado, março 22, 2025
OpiniõesSéries

Cassandra | Crítica: Ficção científica traz suspense, tensão e muito drama familiar, mas derrapa no final

A Netflix estreou a minissérie de suspense alemã Cassandra, dando um ar Black Mirror com o clima de Dark. Os seis episódios da produção tem roteiro de Benjamin Gutsche.

Na minissérie acompanhamos um casal e seus filhos chegando para ter uma nova vida em uma casa dos sonhos. A casa, com temática dos anos 1970 e sendo uma das primeiras smart house, tem Cassandra como assistente pessoal. A medida que os episódios vão se passando, tudo vai saindo do controle, seja na casa, seja na vida pessoal de cada um dos personagens.

ATENÇÃO!
O conteúdo abaixo contém spoilers

Gosto do clima e ambientação que a série propõe, misturar a tecnologia dos anos 1970 e vendo os smartphones e tudo mais da atualidade, trouxe uma dualidade, e jurei que a IA tentaria entrar nessas nova tecnologias durante todo o desenvolvimento. A questão é que muito do proposto pela casa, era bem mais pé no chão do que poderia imaginar.

cassandra minisserie
Crédito: Netflix

Durante os 6 episódios vemos a família Prill se alojando na casa, entendendo a tecnologia e fazendo amizade com Cassandra (Lavinia Wilson). Todos passam a adorar a “esposa” perfeita, seja o marido com a dedicação que ela traz, a atenção com Juno (Mary Tölle), ou a curiosidade que Fynn (Joshua Kantara) tem por ela. Quem acaba sobrando sempre é Samira (Mina Tander), que se torna rival da assistente…

Tudo o que vemos é a IA fazendo o possível para criar problemas para a dona da casa, e colocar assim sua família contra ela. Seja com o fogo na sala, o ataque de pânico na dispensa fechada, ou a garotinha presa no forno… Sempre desacreditada, Samira vira o tormento dentro da casa.

David (Michael Klammer) é focado no seu livro, e não vê os problemas ao seu redor, e os momentos finais nos faz querer que Cassandra o pegue e o destrinche… Ele consegue nos momentos finais fazer a gente odiá-lo.

cassandra minisserie
Crédito: Netflix

A discussão do desenvolvimento de Cassandra é detalhado nas pesquisas de Samira, que aos poucos vai entendendo o passado da casa, encontrando a mulher em quem a assistente foi baseada, e isso nos mostra outro drama, o de 1970. A mulher era dedicada, e tinha o marido perfeito, Horst (Franz Hartwig), mas como nada é perfeito, sua vida vai sendo mostrada e sendo destruída, assim como a da família no presente.

O ponto alto para mim ficou para toda a história da construção e da mente de Cassandra. Foi uma reviravolta científica e tecnológica que eu não esperava, pois vai além da IA revoltada, e foca mais na mente perturbada. Poderiam ter abordado outros pontos? Lógico, mas foi interessante a construção, a raiva, as passadas de pernas… Tudo dentro do drama.

Nos seis episódios da série vemos os dramas familiares, nada muito diferente do que já vemos em filmes há anos, mas a construção com a intervenção da assistente foi sensacional. Além disso, essa da assistente se apegar ao marido também não é novidade, já tivemos Jexi – Um Celular Sem Filtro, Alice: Submissão, e também a revolta da tecnologia com WestWorld, e o maior clássico de todos, Exterminador do Futuro.

cassandra minisserie
Crédito: Netflix

Cassandra entrega uma minissérie bem instigante, cheia de suspense e que nos segura na cadeira para entender as nuances dos personagens e desenvolvimento de suas tramas, mas infelizmente escorrega um pouco em sua conclusão, mesmo que deixe tudo bem explicadinho.

Cassandra tem os seus 6 episódios disponíveis na Netflix.