A Noite dos Palhaços Mudos | Resenha: Laerte traz uma operação de resgate hilária em meio a ameaça da caretice
A Conrad Editora relança em seu selo HQ Para Todos a clássica revista de Laerte, A Noite dos Palhaços Mudos, que saiu nos anos 1980 e 1990 pela revista Circo. Com um subtexto interessante logo após o fim da ditadura militar, os palhaços representam uma quebra diante o conservadorismo e a caretice de décadas vividas antes.
Nesta edição foram compiladas as revistas A Noite dos Palhaços Mudos e A Volta dos Palhaços Mudos, essa lançada em 1994, na Cachalote. Ambas mostram tais palhaços perdidos em momentos pastelões, para lidar com algo fora de suas vidas.
Na primeira temos grandes figurões querendo podar os palhaços, e conseguindo pegar um deles para destruí-lo, acaba restando que outros dois palhaços busquem salvá-lo. Laerte brinca com a seriedade do assunto, a morte de artistas que buscam não viver nessa caixinha imposta, com a palhaçada e brincadeiras non sense para resgatar o amigo.
Já em A Volta dos Palhaços vemos esses amigos sendo obrigados a viverem em uma nova realidade, essa realidade vinda após a redemocratização, e nela há uma busca em limitá-los e colocá-los em salas e caixas, mas sempre é reforçado que a arte pode encontrar o caminho de uma estrutura linear, só que sempre haverá aqueles que estão dispostos a quebrar paradigmas e não se encaixar, e assim trazer novas mudanças.
Laerte está sempre a frente de seu tempo, brincando com nuances e entregando na década de 1980 algo a frente, e em 1994 realça esse fator de inovação de sua arte.
A Noite dos Palhaços Mudos ressalta a irreverência e o brilhantismo de uma artista multifacetada como Laerte, e a Conrad Editora acerta em cheio em colocá-la em uma reedição interessante e com uma ótima qualidade, além de um bom preço.